Usava chinelos nos pés. Usava o cabelo solto. A vida parecia estar com um filtro de edição amarelada como um filme do Allen gravado na Itália ou França. Se recordou de uma noite de verão quando era jovem. De quando fumou um baseado e tentou subir uma pedra bem alta na praia. A vista era bonita. Ela ria desenfreadamente como se não houvesse amanhã. A vida as vezes era tão mais leve. Amava o cheiro da maresia e gostava quando o cheiro de mar ficava impregnado na pele. Gostava do salgado da água. Da pele dourada. De nadar nua.
O garoto a observava da pedra em frente a praia. Ela andou em direção a água. Mergulhou e gritou para ele:
– Vem aqui.
– Não. – ele respondeu com um olhar apaixonado.
– Você é entediante, sabia? ao invés de vir nadar comigo fica aí com essa cara murcha.
Ela tirou o biquíni e jogou em cima da pedra.
– Aqui não é praia de nudismo. – ele disse
– Eu sei. Ninguém vai ver porque estamos longe, que chatice.
Ela agia de forma mais adolescente que ele.
Tem alguma coisa no verão que nos transforma para sempre. Tem sempre alguma coisa, um perfume, um amor, um sabor, uma aventura, uma paisagem, alguma coisa que nos faz ser cativados para todo um sempre. Uma leveza bonita.
Ela se sentia um pouco saudosista com a partida do verão. Quando ele acabava um pedaço dela também se despedia.
Talvez as noites de verão seja para nos trazer de volta o coração juvenil que habita em todos nós.